Incluir os excluídos não deixando de
lado a qualidade do ensino/aprendizagem.
Sobre a
Política Nacional de Educação Inclusiva devemos ressaltar que nada mais é do que um documento que é pautado nos
direitos de todos os alunos que se envolvem na questão do ensino/aprendizagem,
independente de sua diferença poder estudar junto com os demais, aprendendo a
seu tempo sem ser discriminado ou constrangido.
O fracasso
escolar e a desistência percebida em
muitos casos tem seu motivo pautado na
discriminação que acontece não só no que se refere a cor ou nível social a que pertencem.
Historicamente falando sobre o atendimento às pessoas com deficiência vale
ressaltar que começou na época do Império, com
a criação do Imperial Instituto dos Meninos Cegos (1854), atual
Instituto Benjamin Constant, em 1857 o Instituto de Surdos Mudos e hoje
conhecido como Instituto Nacional da Educação dos Surdos – INES do Rio de
Janeiro. Já no século XX é fundado o Instituto Pestalozzi que é especializado
no atendimento às pessoas com deficiência mental. E em 1954 é fundada a
Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) que hoje corre o risco de
ser extinta, vale lembrar que em 1954 foi criado o atendimento educacional
especializado para pessoas com superdotação na Sociedade Pestalozzi por Helena
Antipoff.
A CF/1988 tem
como objetivos fundamentais “promover o bem de todos, sem preconceitos de
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”.
Reforço também identificado nos artigos 205, 206 a 208.
Muitos pais em
respeito a lei 8069/90 fazem cumprir a
lei matriculando seus filhos em escolas regulares, cumprem o artigo 55, mas o
que hoje é visto como entrave é a discriminação presente na própria sociedade
quanto a aceitação dos diferentes em suas especificidades.
Este é o maior desafio
educacional previsto pelo PNE no que se refere a construção de uma escola inclusiva que garanta o atendimento
a diversidade humana e, poderíamos
complementar com a aceitação dos alunos
que já vem de casa com uma formação familiar discriminadora e defasada em relação a esse fato.
Trabalho em
escola de ensino regular onde não existe déficit na questão de matrículas, o
que vejo que dificulta o trabalho é a falta de formação específica para atender
o público seleto que requer um trabalho
diferenciado com a turma, que as vezes tem um número de alunos elevado em sala
e professores com pouca formação,
motivos esses que muitas vezes dificultam o trabalho de qualidade. Quando
estudamos a referida temática percebemos que existem muitas leis, artigos e
resoluções que nem sempre são cumpridas em sua integra.
Quando o
professor Claudio Roberto Baptista faz a relação entre as pesquisas realizadas
pela UFRG que fazem a reflexão da relação pedagógica, inovações educacionais,
políticas públicas e atendimentos educacionais é pontuado os avanços
considerados importantes para nosso país e também para os outros países, tudo é
pautado por cooperação e frequentes diálogos. Falta também da organização
curricular, onde são analisadas as avaliações e os planejamentos, sendo
necessário então maior apoio aos docentes e aos discentes, coisa que não vemos
acontecer na prática.
A educação
inclusiva está caminhando a passos lentos, muitos não sabem ainda o que é, como
fazer, como atuar, escolas ainda veem essa educação como uma simples aula de
reforço, as escolas ainda não adequaram seus currículos para a questão da
inclusão e acessibilidade. A educação tradicional é comparada aos edifícios com
seus alicerces rijos e fundamentados, estáticos, sem possibilidades de
alteração/adequação, já a inclusão está solta, sem rumos, sem estruturas
definidas no que tange à suas práticas pedagógicas, tentando se estruturar em
fundamentos que surtam efeitos significativos, está como uma tenda sensível,
frágil, que pode ser montada aqui ou ali, retirada pelos estados e municípios
que geralmente não apoiam financeiramente, nem tecnicamente, nem investem na
qualificação de todos os seus profissionais para atuar nesse processo, são
poucos os profissionais habilitados em Libras ou outros transtornos existentes no âmbito das salas de aula.